Discussão: MEU NOVO AMIGO, UM JARDINEIRO DE JESUS

MEU NOVO AMIGO, UM JARDINEIRO DE JESUS


JCESAR NGOMES ( Administrador )

( Espiritismo) –

Luiz Sergio - Irene P Machado - Na Hora Do Adeus

Capítulo I

MEU NOVO AMIGO, UM JARDINEIRO DE JESUS

- Só podia ser você mesmo! Quando é que você vai criar juízo, Rayto?

- Quando não existir nem mais um Luiz Sérgio na face da Terra, respondeu, rindo gostosamente.

- Engraçadinho... - Deixemos de brincadeira, você tem ido à Crosta?

- Tenho participado de muitos trabalhos de socorro. E você, o que tem feito? Não está mais preocupado com o tóxico?

- Luiz, não sei o que vai acontecer mais. Se o governo brasileiro não tomar urgentes resoluções, o Brasil será o campeão mundial do tóxico. Seja não o é.

- E a espiritualidade, Rayto, o que está fazendo a respeito?

- Tomando medidas drásticas, mas ficamos penalizados em saber que o país escolhido para a pátria do evangelho deseja liberar a droga. Em uma terra de famintos, a preocupação maior deveria ser com a educação, a saúde e a justiça social. Mas quero saber o tema do seu novo livro.

- Sabe, Rayto, muitos me perguntam: Luiz Sérgio, o que faço para esquecer o meu marido que desencarnou? Dou a roupa dele? Choro ou não choro? Vou ou não vou ao cemitério? Arrumo o tumulo ou não? Corro atrás de mensagem ou o deixo viver em paz? São tantas as perguntas, que resolvi escrever um livro, não com o intuito de ensinar, mas de ajudar os meus amigos, aqueles que não sabem o que fazer na hora do adeus.

- No meu entender, o fato mais desagradável é o encontro social no cemitério. Ao desencarnar o João ou o José, pessoas que há anos não se encontravam ficam a conversar, rindo ou relembrando os momentos finais do desencarnado.

É sobre isso, Rayto, que desejo escrever. Vim até aqui, primeiro para recordar meus primeiros passos no mundo espiritual e também para falar com o Palário, com você e com outros que sempre me ajudaram. Ele, sorrindo, esclareceu:

- Por mim, pode escrever um, dois ou mil livros. Estarei ao seu lado eternamente, orando pelo seu crescimento espiritual.

- Obrigado, Rayto, não é só consentimento, vou precisar de ajuda, estarei rondando as capelas e os cemitérios. Rindo, gracejou:

- Você nunca me enganou, tem cara de vampiro mesmo!

Não brinque, Rayto, você sabe que não vai ser fácil e depois, quero que o livro seja útil a todos.

- Luiz, na sala mil e novecentos você encontrará alguém que o ajudará. E o Rayto aqui, basta você estalar os dedos que, como servo do Cristo, o atenderei de imediato e que Deus, o Criador da vida, seja eterno em seu trabalho. Um abraço.

Depois saiu, rapidamente, saltitante. Olhei-o até desaparecer nas alamedas floridas daquela praça. Em seguida, procurei a sala indicada pelo Rayto. Recebido por Constância, fui logo levado até Luppe, que me cumprimentou sorrindo

- Seja benvindo, Luiz Sérgio, fico contente em saber que o irmão deseja ajudar os encarnados, quando eles passam por horas amargas. Mas lhe pergunto: será que o seu livro terá condição de mudar um comportamento de longos anos? O brasileiro há muito transforma a hora do adeus em momentos de desespero ou de bate-papos, rindo alto, não se importando com o corpo que ali jaz exposto para o último adeus.

- Por isso, irmã Luppe, espero que o meu livro sirva para auxiliar o desencarnado, que às vezes se debate junto ao corpo físico, pedindo socorro, e ninguém faz uma prece para ajudá-lo, simplesmente por julgar que ali ja não se encontra.

- Mas poucos serão aqueles que o lerão.

- Não me importo. Se ele conseguir ajudar uma só família ou um só irmão que volta para a verdadeira pátria, já me sentirei muito feliz. Ela me deu "aquele" sorriso e depois falou:

- Você, irmão, terá a nossa permissão para mais esse trabalho, mas gostaria que alguém bastante experiente o acompanhasse. Ele executa há anos essa tarefa, e somente agora participará de um livro.

Nisso, um espírito com aparência idosa apareceu na sala.

- Que a paz de Deus esteja entre nós. Bom dia

- Luiz, este é Enrico, que irá acompanhá-lo. É um devotado trabalhador do Senhor

- Como vai, Luiz Sérgio?

- Ô, amigo, como me sinto feliz em tê-lo ao meu lado! Que vontade de gritar seu nome para todo o Universo, tão alegre me encontro!

- O grito, quando chega à garganta, já se fez ouvido pelo coração. Sinto-me feliz por mais uma tarefa falou, timidamente.

Enrico é um senhor dos seus setenta e cinco anos, e trabalhou na Crosta durante vinte anos como jardineiro. Seu olhar é cândido e amigo.

- Desejo aos três a paz do Senhor, e que tudo se transforme para a glória de Deus.

- Três? olhei, procurando o terceiro. Enrico sorriu:

- O irmão não irá vê-lo. Ele estará ao nosso lado, mas nós não teremos condição nem de divisá-lo.

Fiquei intrigado, mas nada perguntei. Luppe ainda acrescentou:

- Trate do seu trabalho, Enrico, como bom jardineiro que é, e quando a terra desejar aprisionar a semente, faça com que ela busque a luz do Alto, só assim se libertará. O que é da terra à terra pertence. O que é luz resplandece no Universo. Que Deus os guie.

- A quem agradeço, irmã Luppe. À irmã, ao Rayto, a quem?

- A Deus, que confia em você.

Despedimo-nos e dali saímos. Tinha vontade de abraçar e beijar Enrico, tal a sua meiguice; mais parecia um "anjo" do Senhor.

- Luiz, quero que saiba que tenho uma aparência idosa mas meu coração é de um bebê, que a cada dia espera crescer espiritualmente. Busco no meu próximo o meu Deus e faço do meu dia uma conquista para o meu espírito.

Enlacei seu ombro e percorremos aqueles jardins lindíssimos, onde os pássaros cantam, transmitindo-nos muita paz.



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