Revista Espírita
Jornal de Estudos Psicológicos
Quinto Ano – 1862
Março
Os Espíritos e o brasão
Revista Espírita, março de 1862
Uma outra questão. É um fato conhecido, que as famílias se abastardam e degeneram quando as alianças não saem da linha direta; ocorre o mesmo com as raças humanas, tanto quanto com as raças animais. Por que, pois, a necessidade dos cruzamentos? Em que se torna então a unidade de estirpe? Não tem aí mistura de Espíritos, intrusão de Espíritos estranhos à família? Um dia trataremos dessa grave questão com todos os desenvolvimentos que ela comporta.
Conversas familiares de alémtúmulo
Revista Espírita, março de 1862
Sr. Jobard.
Depois de sua morte, o Sr. Jobard se comunicou várias vezes na Sociedade, nas sessões às quais ele diz assistir quase sempre; antes de publicar-lhe a relação, preferimos esperar ter uma série de manifestações, formando um conjunto, que permita julgá-las melhor. Não tínhamos a intenção de evocá-lo na sessão de 8 de novembro, quando previu, nosso desejo comunicando-se espontaneamente. (Ver a notícia necrológica publicada na Revista Espírita do mês de dezembro de 1861.)
(Sociedade Espírita de Paris, 8 de novembro de 1861. - Médium, Senhora Costel.)
Ditado espontâneo.
Eis-me, eu que iríeis evocar e que quero me manifestar primeiro por este médium que verdadeiramente solicitei até aqui.
Quero de início vos contar minhas impressões no momento da separação de minha alma: senti um abalo inaudito, lembrei-me, de repente, de meu nascimento, de minha juventude, de minha idade madura; toda a minha vida se retratou nitidamente na minha lembrança.
Não sentia senão um impiedoso desejo de me encontrar nas regiões reveladas pela nossa querida crença; depois, todo esse tumulto se abrandou. Estava livre e meu corpo jazia inerte. Ah! meus caros amigos, que embriaguez despojar-me do peso do corpo! Que embriaguez abraçar o espaço! Não creiais, todavia, que me tornei de repente um eleito do Senhor; não; estou entre os Espíritos que, estando um pouco retido, devem ainda muito aprender. Não tardei a me lembrar de vós, meus irmãos em exílio,asseguro-vos, toda a minha simpatia, todos os meus votos vos têm envolvido. Tive logo o poder de me comunicar, e o teria feito com este médium, que tem medo de ser enganado; mas que ele se tranqüilize, nós o amamos.
Quereis saber quais foram os Espíritos que me receberam? Quais foram as minhas impressões? Meus amigos foram todos aqueles que evocamos, todos os irmãos que partilharam nossos trabalhos. Vi o esplendor, mas não posso descrevê-lo. Apliquei-me em discernir o que era verdadeiro nas comunicações, pronto para retificar todas as afirmativas erradas; pronto, enfim, para ser o cavaleiro da verdade no outro mundo, como o fui no vosso. Conversaremos, pois, muito, e isto não é senão um preâmbulo para mostrar ao caro médium meu desejo de ser evocado por ele, e a vós minha boa vontade para responder às perguntas que ireis me dirigir.
JOBARD.