Discussão: POESIAS E POEMAS MARIO QUINTANA

POESIAS E POEMAS MARIO QUINTANA

Poliana Ferreira ( Administrador )

Os Parceiros

Mário Quintana

Sonhar é acordar-se para dentro: de súbito me vejo em pleno sonho e no jogo em que todo me concentro mais uma carta sobre a mesa ponho. Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada! E quase que escurece a chama triste... E, a cada parada uma pancada, o coração, exausto, ainda insiste. Insiste em quê?Ganhar o quê? De quem? O meu parceiro...eu vejo que ele tem um riso silencioso a desenhar-se numa velha caveira carcomida. Mas eu bem sei que a morte é seu disfarce... Como também disfarce é a minha vida!




Poliana Ferreira ( Administrador )

Tenta esquecer-me… Ser lembrado é como evocar Um fantasma… Deixa-me ser o que sou, O que sempre fui, um rio que vai fluindo… Em vão, em minhas margens cantarão as horas, Me recamarei de estrelas como um manto real, Me bordarei de nuvens e de asas, Às vezes virão a mim as crianças banhar-se… Um espelho não guarda as coisas refletidas! E o meu destino é seguir… é seguir para o mar, As imagens perdendo no caminho… Deixa-me fluir, passar, cantar… Toda a tristeza dos rios É não poder parar!


Poliana Ferreira ( Administrador )

Os poemas

Mário Quintana

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti...



Poliana Ferreira ( Administrador )

Canção Para Uma Valsa Lenta

Mário Quintana

Minha vida não foi um romance… Nunca tive até hoje um segredo. Se me amar, não digas, que morro De surpresa… de encanto… de medo… Minha vida não foi um romance Minha vida passou por passar Se não amas, não finjas, que vivo Esperando um amor para amar. Minha vida não foi um romance… Pobre vida… passou sem enredo… Glória a ti que me enches de vida De surpresa, de encanto, de medo! Minha vida não foi um romance… Ai de mim… Já se ia acabar!



Poliana Ferreira ( Administrador )

Os antigos retratos de parede Não conseguem ficar longo tempo abstratos. Às vezes os seus olhos te fixam, obstinados Porque eles nunca se desumanizam de todo Jamais te voltes pra trás de repente. Não, não olhes agora! O remédio é cantares cantigas loucas e sem fim… Sem fim e sem sentido… Dessas que a gente inventava enganar a solidão dos caminhos sem lua.


Poliana Ferreira ( Administrador )

Os Parceiros

Mário Quintana

Sonhar é acordar-se para dentro: de súbito me vejo em pleno sonho e no jogo em que todo me concentro mais uma carta sobre a mesa ponho. Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada! E quase que escurece a chama triste... E, a cada parada uma pancada, o coração, exausto, ainda insiste. Insiste em quê?Ganhar o quê? De quem? O meu parceiro...eu vejo que ele tem um riso silencioso a desenhar-se numa velha caveira carcomida. Mas eu bem sei que a morte é seu disfarce... Como também disfarce é a minha vida!



Poliana Ferreira ( Administrador )

Bilhete

Mário Quintana

Se tu me amas, ama-me baixinho Não o grites de cima dos telhados Deixa em paz os passarinhos Deixa em paz a mim! Se me queres, enfim, tem de ser bem devagarinho, Amada, que a vida é breve e o amor mais breve ainda.



Poliana Ferreira ( Administrador )

Dos nossos males

Mário Quintana

A nós bastem nossos próprios ais, Que a ninguém sua cruz é pequenina. Por pior que seja a situação da China, Os nossos calos doem muito mais...



Poliana Ferreira ( Administrador )

Canção do amor imprevisto

Mário Quintana

Eu sou um homem fechado. O mundo me tornou egoísta e mau. E a minha poesia é um vício triste, Desesperado e solitário Que eu faço tudo por abafar. Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada, Com o teu passo leve, Com esses teus cabelos... E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender nada, numa alegria atônita... A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil Aonde viessem pousar os passarinhos.



Poliana Ferreira ( Administrador )

Inscrição para um portão de cemitério

Mário Quintana

Na mesma pedra se encontram, Conforme o povo traduz, Quando se nasce - uma estrela, Quando se morre - uma cruz. Mas quantos que aqui repousam Hão de emendar-nos assim: "Ponham-me a cruz no princípio... E a luz da estrela no fim!



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