TENHO 18 ANOS... QUERO VIVER !
No dia em que morri, o sol brilhava, aberto para plena alegria de viver. Lembro-me que adulei meu pai para emprestar-me o carro. Queria dar umas voltinhas e prometi-lhe que teria todo cuidado do mundo. Quando me deu as chaves só em pensar em dirigir á vontade mal pude conter o impacto, de mesmo nas ruas, botar o carrão a oitenta por hora. Sai logo para a estrada.
Queria correr sentir o vento fustigar-me as, faces, ver os cem por hora do velocimetro. Pisei firme no acelerador, alcancei os noventa, ultrapassei os cem. Um carro na minha frente não andava e quis podá-lo. Estercei para a esquerda e meti o pé. Mas não vi uma jamanta que vinha na mão e nos pegamos em cheio de frente.
Ouvi um estouro, pedaços de ferro, de vidro voarem, senti meu corpo despedaçar-se e percebi que gritava de dor. Um grito só. Depois tudo sumiu na escuridão. Acordei, ao meu lado um médico, guardas. Meu corpo estava estraçalhado, mas, curioso, eu não sentia dor alguma. Tentei erguer-me, mas não consegui sequer mover um dedo.
Afinal cobriram-me com um lençol puseram-me numa ambulância e levaram-me ao necrotério. Ei tirem isso de cima de mim. Tirem me dessa mesa de mármore, esta fria demais. Eu não posso estar morto tenho apenas dezoito anos. Minha namorada me espera. Quero viver, tirem esse lençol que me incomoda, deixa-me sair daqui.
Ninguém me ouvia, não sei porque. Arrumaram o melhor possível os pedaços do meu corpo e parentes vieram identificar-me. Meu pai, com o rosto lavado pelas lagrimas, disse que realmente era o corpo de seu filho. Minha mãe, debruçada sobre o meu peito soluçava com desespero. O meu enterro foi uma experiência estranha. Quando me colocaram na estrada do cemitério, os amigos passavam por mim, fitavam-me com tristeza e as garotas acariciavam minhas mãos e meus cabelos.
Por favor, acordem-me tirem-me deste caixão e deixe-me sair. Tenho apenas 18 anos, com a vida inteira pela frente. Quero viver, quero estudar, quero o amor dos meus pais, quero namorar, competir nos esportes, sou craque no futebol, e neste ano a minha equipe há de ser campeã.
Meus Deus daí, uma nova chance, prometo que serei o motorista mais cuidadoso do mundo. Tudo o que desejo é viver esta vida linda já disse:
“Tenho dezoito anos e quero viver”