A tarde se veste de tristeza Lá se vai a poesia, Próximo ao fim do dia, A alma é sem beleza! O vento que sopra a rua, Varre a folha para além, Onde não tem ninguém, E a arvore já é nua! Outono que principia, O sabiá se recolhe, Antes que se molhe, Nessa chuva fria! A lua nasce mais cedo Enfeitiçando o riacho Nele se banha um guaxo Pois desse frio não tem medo! O trilho esta lamacento Tenho fome, tenho sede Saudades de minha rede Chora o cipreste em lamento! Deito-me no colo da noite No aconchego de meu lar Parece barulho de mar O vento que passa em açoite!
Meu poema não tem endereço certo, Falo o que penso, escrevo o que acho, As letras me fascinam e me ensinam, Me chegam das mais variadas essências, Nunca se obrigaram a serem escritas, Sempre esperaram o dedilhar de meus dedos, E a cada uma que junto um poema se cria.
Não escrevo diretamente para ninguém, Mas de forma geral para todos que gostem, Nunca sigo formulas ou regras ou temas, Para mim poemas não são dilemas, teoremas, É verdade que seja vício, necessidade suprema, Algo como respirar, tomar sol, sentir o vento, Porem nada de que me sinta prisioneiro!
Onde os contornos da noite Rebordam-se com as saudades Ali chora minh’alma ! Posto que como rio Contra corrente Verto lágrimas em torrente! Sem magoas e em solidão Feito o vento passante A varrer o chão! Cavalgo o tempo Em vagas recordações Manso pasmo e lento! Relembrando teu sorrir teu pulsar... Noites de lua e estrelas... Boca a me beijar! Ali na tênue divisão Entre a luz e a escuridão Retumba meu coração! Posto que ali, no relvado Muitas das alvoradas Nos pegou enamorado! Assim quando meus olhos vão prali Algo se aperta por aqui Não por tristeza ou dor Apenas por amor!
A cada vez que o sol nascer estarei pensando em você a cada vez que o sol se for estarei pensando em você a cada vez que respirar estarei pensando em você a cada hora que passar estarei pensando em você e quando a lua vier vestida de traje de noite eu certo estarei que muito pouco falta para estar com você!
Ainda sinto o gosto de sal... Do primeiro beijo que trocamos num portal... Sim! Era um portal, a transcendência entre o sonho e o real! A realidade selada por dois lábios sedentos... Corações atrelados em alentos... Olhares que falavam poesias... Mãos que se tocavam frias... Ainda sinto aquele gosto de sal! Porque foi de todos o mais real... Este se cravou no coração! Os demais foram de paixão... E como tal se perderam na esteira dos dias! E se apagaram na fogueira já fria! Que ironia!