Discussão: Resumo dos melhores livros de xadrez

Resumo dos melhores livros de xadrez

André Luiz Greff ( Administrador )

31)
TRABAJO EN AJEDREZ (I) - Jan Timman

Como prometi, segue aqui a resenha deste segundo livro do
Timman. Trata-se, este e o livro anterior, de um estudo sobre partidas e
posições. O livro, tal como o anterior, já comentado El arte del análisis, foi
montado em capa dura (edição muito bem cuidada), 201 págs, em notação algébrica
e em espanhol, 261 diagramas. Mais um
livro da coleção La pasion del ajedrez, da Coleccion JAQUE XXI.


Neste livro, encontramos um Timman algo mais romântico do que no livro
anterior. O autor se confessa amante da noite e um grande boêmio. Se tivesse
nascido na primeira metade do século passado, seria um Reti. Aqui, o autor analisa 18 partidas,
entremeadas por posições críticas, muitas de finais.

O que me parece é que o autor gastou tudo que tinha no livro anterior, e para
descansar o cérebro, escreveu este. De fato, a diferença entre o livro anterior
e este, é brutal. No anterior, vemos alguém que luta por compreender e
aprofundar-se no xadrez. Neste, os comentários são sempre com poucas variantes,
quase sempre acompanhados de uma deliciosa confidência particular.


Trata-se de um livro para estudar e apreciar o xadrez (o anterior, é mais para
estudar, tal a extensão - até cansativa - das análises). Neste, o autor se
limita a comentar as partidas usando poucas variantes. Ou seja, nesta obra,
Timman prioriza mais a descoberta do que a comprovação de suas convicções. O
autor se liberta e além de ensinar, também diverte o leitor, o estudioso do
xadrez.


Notei neste livro uma predominância de estudos de posições mais de meio jogo e
finais. De fato, o autor se detém, inúmeras vezes, nos finais.



O livro também tem cunho biográfico, revelando várias facetas do Grande Mestre,
que se revela uma espécie de Casanova do xadrez .

Em tempo: eu ainda acho o livro
anterior melhor. Tenho de ser sincero nessa apreciação.



André Luiz Greff ( Administrador )

32) FUEGO
EN EL TABLERO - Alexei Shirov

Livro com 294 páginas, em espanhol, notação algébrica, em
excelente edição da TUTOR. Edição 1997-1998.


Refiro-me ao volume 1 (pois há também o volume 2). Neste livro,
Shirov, um jogador eminentemente tático, comenta 111 partidas, sendo 82 na
primeira parte e o restante, quando analisa ao final do livro a variante
Botvinnik, com a qual conquistou muitos sucessos em torneios.


Originalmente publicado pela Cadogan Books, com o título Fire on Board, o livro
ainda traz um capítulo destinado ao estudo de alguns finais, produzidos em
partidas que Shirov jogou. São aproximadamente 30 páginas de estudos de finais,
alguns bem críticos.


Este livro, tão logo foi lançado, tornou-se um best seller, pois Alexei Shirov
é detentor de um estilo tático envolvente, que nos faz lembrar o grande Mikail
Tahl. Aliás, dizem que Shirov é o sucessor de Tahl, o que eu não concordo, pois
ainda não encontrei quem rivalize com a genialidade de Mikail.


Shirov conduz as suas partidas como se estivesse deslizando no fio de uma
navalha. Suas partidas, quase sempre, são permeadas de lances surpreendentes,
agudos, onde o fator tático prepondera sobre o estratégico.


O livro é excelente e o que surpreende é que o autor informa que tinha escrito um
outro antes deste, o qual, infelizmente, ficou sem publicar, pois estava em seu
not book, que lhe foi furtado em 1995, perdendo boa parte do seu trabalho.


Fazendo jus ao título, realmente, as partidas de Shirov são surpreendentes.
Pena que após ter sido preterido na disputa pelo título mundial, freado pelo
todo poderoso Kasparov, o autor, de origem Russa e naturalizado espanhol, meio
que se acanhou e de uma grande promessa, parece que não conquistará o seu lugar
de direito no cenário enxadrístico mundial.



André Luiz Greff ( Administrador )

33) TEMAS
ESTRATÉGIOS DE LA APERTURA
AL FINAL-Mednis

Outro livro de Edmar Mednis. 155 páginas. Editorial PAI DO
TRIBO, 2a. edição. 2002. Notação Algébrica. Em espanhol.

Trata-se de um outro livro do mesmo autor, este mais disponível, por ser mais
recente. O livro tem apenas 4 partes: um prólogo, finais com o peão
"d" isolado; finais com maioria de peões no flanco da dama; finais
simétricos; finais resultantes da formação ‘erizo’.

Neste livro, o autor assume sua inclinação para o jogo posicional, e já inicia
seu livro estudando formações com o peão "d" isolado (Brancas = pa2 -
pb2 - pd4 - pf2 - pg2 - ph2/ Pretas = pa7 - pb7 - pe6 - pf7 - pg7 - ph7),
segundo o qual: "El peón d debe estar completamente aislado, es decir, no
debem existir ni el peón c ni el peón e". Esquema conhecidíssimo.

O que penso do livro? Eu penso que se não estudar o livro anterior, poderá o
estudioso encontrar dificuldades na assimilação de alguns esquemas. Antes
colocava o autor partidas completas. Aqui ele parte quase sempre de posições.
Quando lhe dá na telha, mostra lances de aberturas, com vistas ao final.

Se o estudioso não estiver familiariza com alguns esquemas estratégicos, pode
se perder. Se tiver este estilo, navegará em 'mares de brigadeiro'.

Mas, quero dizer que são dois livros diferentes.

No primeiro, o autor usa partidas inteiras. O estudioso vê começo, meio e fim.

Neste, falta o estudo da abertura, como o autor promete. Mednis parte do
pressuposto de que já foi lido o livro comentado anteriormente. Ele enfatiza os
finais que surgem após determinadas aberturas, todas usadas por jogadores
posicionais.

Mas o livro tem seus atrativos e complementa o El Passo!

O El Paso al Final pode ser estudado sozinho. Este, pede o anterior para uma
correta compreensão.

Em sua segunda parte, analisa os finais com maioria de peões no flanco da dama.
Analisa os finais simétricos, tão comuns quando se usa a saída c4. E, por fim,
analisa os finais da formação Erizo.



André Luiz Greff ( Administrador )

34) LA PRUEBA DEL TIEMPO -
Garry Kasparov

Este livro é da já comentada coleção La pasión del ajedrez
(editou os livros do Timman, acima), da Editora Jaque XXI, 1ª edição, fevereiro
de 1994. Notação Algébrica, 398 páginas.


Na minha muito modesta opinião, juntamente com a Coleção Meus Grandes
Predecessores, este é um dos melhores livros do Kasparov.


Nele o autor comenta 86 partidas suas, tudo em ricas análises, que não parecem
ter sido produzidas por computador, como em Meus Grandes
Predecessores. Ando implicando com isso: longas análises
feitas por computador. Atualmente, muita gente faz isso, produzindo livros
cansativos e tediosos para se estudar. Neste livro, pode ter havido essas
análises, mas o autor enxugou as partidas, mantendo apenas as variantes absolutamente
indispensáveis.


O livro tem capa dura e no meio, algumas fotos do Garry Kasparov, desde a
infância. Em uma dessas fotos, ele aparece jogando futebol!


Eu nunca imaginei que o grande campeão tivesse jogado futebol na vida, mas tá
lá, pra quem quiser ver... Agora, se era um grande jogador ou apenas mais um
perna de pau no futebol, não sabemos.


Não posso esquecer de mencionar que as partidas do Garry são permeadas de
comentários gerais sobre torneios, impressões etc.


A obra foi traduzida para o português e encontra-se à venda no Brasil, por um
preço mais acessível.



André Luiz Greff ( Administrador )

35) Excelling At Chess Calculation, Jacob
Aagaard, 193 páginas.
Tem livros que realmente mereciam uma edição em português. Este
Jacob Aagaard é um excelente autor e talvez este seja o seu
livro mais interessante. O que mais me chamou a atenção neste livro, indicado
pelo enxadrista da comunidade Xadrez, foi que o livro além de abordar com maior
precisão aquela famosa teoria da ‘árbol de variantes’ do Kotov, o livro prima
por apresentar ao estudante mecanismos para memorização e visualização de
jogadas. O livro é de 2004, bem atual. É um convite a melhorar nossas técnicas
de visualização, memorização e cálculo de jogadas ditas candidatas (a famosa
árvore de variantes). O jeito é melhorar o inglês;


36) Mentiras Arriesgadas en Ajedrez (Mentiras
Arriscadas no Xadrez), GM Lluís Comas Fabregó, Esfera Editorial, 2005, 150
páginas.
O que gostei deste livro é que o autor propõe a questionar
alguns dogmas do ensino do xadrez, da mesma forma como fez o Watson naquele
livro Segredos da Estratégia no Xadrez. Mas aqui o autor é mais contundente,
colocando em xeque alguns conceitos tidos como irrefutáveis por alguns
teóricos, sendo que o autor associa tudo que é dogmático com o que é limitado.
A gente estuda o que esses livros apresentam como se fossem verdades
irrefutáveis e inquestionáveis. Se não tivesse havido um livro como o do
Watson, que questionasse tudo aquilo que os clássicos escreveram, decerto ainda
veríamos tudo o que os mesmos ensinaram como se fossem leis imorredouras.
Precisamos de livros assim, de mais livros assim, que coloquem sob a dúvida
alguns dogmas do xadrez, seja clássico, seja novo. Muitos questionam “quais os
livros de xadrez que realmente abordam aspectos do xadrez moderno?”, bem, este
é um deles, porque demonstra aquilo que os GM’s da atualidade já descartaram,
por ser ultrapassado (mentiroso, na visão do autor, rs), mesmo indo contra
certas normas do xadrez clássico, antigo;


37) Ajedrez y Matemáticas, Bonsdorff. Fabel. Riihimaa,
2009, Colección Nueva Escaques. Trata-se de um livro com 180 páginas no qual os
autores pretenderam associar o xadrez com matemática, analisando sob a ótica da
matemática (cálculo) de diversos aspectos do xadrez. Não é um livro indicado
pro leigo em matemática, mas sim paras os universitários que estudam matemática
e jogam xadrez. O livro tem equações muito complexas, difíceis mesmo pro leigo
entender. E os autores não se deram ao trabalho de explicar ‘tim-tim’ por
‘tim-tim’ algumas equações, tornando ao leitor médio, mais acessível o
raciocínio que forme um paralelo entre os diagramas mostrados e algumas
equações. Lembro que o mais próximo que chegaram a traçar algum paralelismo
entre matemáticas e xadrez foi no Mosaico Ajedrecistico, fenomenal livro do
Karpov. Neste, o livro todo é sobre matemática e xadrez, e matemática complexa,
rs, difícil. Deve ser um livro muito agradável para o estudante de matemática
ou de engenharia, também enxadrista, dedicar algum tempo;



André Luiz Greff ( Administrador )

38) Maestria en Ajedrez, do Jacob Aagaard, Editorial Chessy: Está aqui um livro que vale a pena você imprimir, encadernar e estudar.
Isso se não conseguir achar o original pra compra.
Porque é um livro formidável. Tem 223 páginas, nas quais o autor aborda toda dificuldade que enfrentou para chegar a ser Grande Mestre, enfocando temas que vão desde questionamentos de certos dogmas, estudos de posições, estudo de finais, análise e compreensão de debilidades etc.
O autor desevolveu uma certa polêmica contraditando o escritor John Watson sendo que boa parte deste livro ele alfineta de certa forma o outro escritor, também de bons livros, o que deixa bem divertido o estudo deste.
Os exemplos são enxutos, com poucas variantes, sendo que o estudo além de muito agradável é ao mesmo tempo proveitoso, porque sentimos o que verdadeiramente é e deve ser um jogador de xadrez, na essência do significado disso.
Ótimo livro, sendo que já se encontra, em espanhol, o livro que mencionei no item 35, mas enriquecido, o MAESTRIA EN EL CÁLCULO, do mesmo autor, que comentamos a seguir.


André Luiz Greff ( Administrador )

39 e 40) Quero comentar dois livros que são na minha opinião, GÊMEOS, MAESTRIA EN EL CÁLCULO, de Jacob Aagaard e LA ESENCIA DEL JUEGO DE AJEDREZ, de Andrew Soltis. O primeiro livro tem 242 páginas, também do Editorial Chessy; o segundo tem 239 páginas, do editorial Pai do Tribo.
Quem vive de passado é museu, e hoje quando se fala em combinação, modernamente falando, já se usa a expressão cálculo. O verbo da moda é calcular!
Yasser Seirawan dividiu a tática em TÁTICA e COMBINAÇÃO. Pois hoje já criaram um terceiro item que deve ficar entre os dois: CÁCULO.
Amparados nas ideias consagradas de Kotov, que secreveu o seu excelente PIENSE COMO UN GRAN MAESTRO, onde busca desenvolver ferramentas para que o enxadrísta calcule com mais precisão, uma delas a famosa "árbol de variantes", tais teorias vem sendo aprofundadas por alguns autores, sendo estes dois que comento, os que melhor escreveram sobre isso depois de Kotov.
Pra mim, ambos os livros são ótimos e parecidíssimos (mas com exemplos totalmente distintos), sendo que o do Aagaard parece ter mais diagramas com exercícios (é mais pesado o seu estudo) e parece enfocar mais a tal árbol de variantes do Kotov, coisa que o Soltis já começa por se dizer descrente de que os grandes mestres fazem cálculos tão extensos em suas partidas, sendo que seu livro, aparentemente, tem diagramas com variantes menos extensas do que o do Aagaard.
Mas ambos acabam mesmo por seguir os passos do Kotov e ambos escrevem dois excelentes livros, que sigo em dúvida sobre qual o melhor.
Quer uma sugestão?
Tenha ambos à mão, impressos e encadernados, se não puder comprar os originais, pois valem a pena!


André Luiz Greff ( Administrador )

41) Perfeccione su Ajedrez, de Manuel López Michelone, Selector
Actualidad Editorial, 2005, 137 págs. Tem certos livros que não dizem exatamente
do q/ tratam em seus títulos. É bem este o caso aqui.
Sob um título algo comum, a proposta desta obra é bem específica: desenvolver em seu leitor a
capacidade de jogar partidas às cegas!
Há livros de xadrez às cegas,
lembro de um, Ajedrez a La Ciega de Benito Lopez Esnaola. Mas estes
livros limitam-se a narrar os prodígios dos grandes mestres que jogaram
com vários adversários, às cegas. Quanto muito narram as partidas e as
comentam.
A proposta deste livro de Manuel Michelone é outra. Ele
quer treinar o leitor para também ser capaz disso. De cara, o autor
desmente que a prática (consciente e não abusiva) do xadrez às cegas,
faz mal ao cérebro. Pelo contrário, ele narra que é uma característica
dos grandes jogadores, serem capazes de repassar uma partida toda apenas
de cabeça, sem necessidade de recorrer a um 'tablero' de madeira. Narra
ele que Kasparov e Ivanchuk comentaram entre si uma partida inteira, só
de cabeça, sem precisar repassá-la em tabuleiro normal.
Por isso comento essa obra. Porque é no mínimo original a sua proposta. Pretende o
autor que nós, meros mortais, também sejamos capazes de jogar às cegas,
após um determinado treinamento. Ele começa a mostrar pequenas partidas
e sugerir que repassemos essas partidas mentalmente. Mostra as técnicas
de alguns enxadristas para isso.
Eu que sempre achava que isso era uma espécie de dom inato, surpreendi-me com a informação de que somos
capazes de treinar essa capacidade.
Muito bom esse livro e surpreendente.


André Luiz Greff ( Administrador )

42) Ataque y Defensa, Hans Müller, Ediciones Martinez Roca S. A., 1971,
171 páginas, notação descritiva. Existem poucos livros antigos que eu me
animei a recomendar seu estudo por aqui, e são os seguintes:
- Meu Sistema, Ninzowitch,
- Jogo de Posição, Eliskases,
- Medio juego en ajedrez, Borovski,
- Táctica moderna en ajedrez, vols. 1 e 2, do Pachman,
- Estratégia moderna do Pachman,
E quero agora, recomendar este.
Trata-se
de um livro de temas táticos, mas após a apresentação rápida de alguns
diagramas, temos uma coleção de partidas, muito bem organizadas por
temas táticos, cujo estudo é bem instrutivo. O livro mistura temas
táticos com temas de combinação, mas na minha visão, é difícil separar
esses dois temas. As partidas, mesmo antigas (anteriores a 1971)
continuam atuais devido aos temas táticos que elas suscitaram.
O estudo deste livro é recomendadíssimo.


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