Impulso

© Letícia Thompson




Quero te amar

Tanto e tão somente

Tão intensamente

Como a água

De uma cachoeira

Que se joga

Sem conhecer seu curso.

Quero te amar num impulso!...

Sem querer saber se no fim

Vai ainda sobrar de mim.


Quero te amar

Tanto como mulher

Tanto como poeta,

Com romantismo

E fantasia,

Te amar noite e dia,

Com lua e sol,

Com paixão

E sentimento,

Calada e sem lamento.

Te amar simplesmente

Sem querer saber

Do depois.


Te amar num impulso!...

Antes que eu me afaste

Antes que me desgaste

E te deixe no meu cansaço.

Antes que eu me diga,

Não sem tristeza infinda,

Que já não sei mais amar.

Vai saudade

© Letícia Thompson



Vai, saudade,

Embora do meu peito

Me traz esse homem

De qualquer jeito...


Sem ele já não vivo,

Sou na vida um rabisco,

Meia lua, meio sol,

Sou, com meu jeito arisco,

Restos de um arrebol...


Vai embora, saudade!

Que está meu peito rasgando,

Que deixa minh'alma sangrando...

Diz pra ele que já não suporto,

Que sem ele minha vida é torta,

Que minhas flores são mortas,

Que eu perco a cabeça

Na vã esperança que ele apareça.


Vai saudade! Me deixa!

Diz pra ele tomar conta de mim,

Que sozinha não acho meu fim...

Olhar

© Letícia Thompson



Bem mais que um olhar

E o seu encontrou o meu

E ardeu dentro de mim essa chama

Indescritível e perturbante

Que mexeu com meus sentidos

E me tirou do chão.


Foram tantos fogos

Dentro de um mesmo olhar

E de tanta profundidade

Que mergulhei na sua alma

E encontrei um ser sozinho,

Querendo abraços, querendo amor

Querendo uma gota que fosse

De paixão pra acender a vida

Quase morta e suplicante.


E num segundo tudo acabou...


Ai!...se eu pudesse amar esses olhos

E o dono deles

E acender a paixão

E acabar de vez com essa solidão!...

Seria eu a acender a vida

E ascender a alma

Pra redimir de vez por todas

Esse amor

E dar a ele um pedaço de eternidade...


Seria eu assim completa,

Mergulhada nesse olhar

Morta de felicidade!

Tão só...

© Letícia Thompson



Aceita-me como sou,

Não desista de mim!

Quando você tiver se acalmado

E só depois,

Vai perceber

A dor que atravessa meu lado,

E a solidão que assola minha vida.

Se às vezes me sinto tão só

E choro,

Você pode ver

Que sou só uma alma ferida,

Um animal acuado,

Amedrontado.

Não desista de mim,

Mesmo quando sou assim,

Mimada e brava!

Sozinha

Não sei reinventar a vida,

Por mais que eu tente!

E essa dor me persegue,

Toda feita,

Como esse amor,

Que não sabe se pode sobreviver...

Sem você, meu amor,

Eu me sinto só,

Tão só...

Quanto custa a felicidade?

© Letícia Thompson



Quanto custa a felicidade?

A felicidade que tanto anelo

Tem a forma de um castelo

Onde desejo pra sempre morar.

Não tem paredes e nem torres

Mas abriga loucos amores

Banhados na luz do luar.


Quanto custa a felicidade?

A felicidade que tanto almejo

Tem o gosto de um beijo,

Onde quero me abandonar.

Não tem formas e nem cores

Guarda somente sabores

Deliciosos ao meu paladar.


A felicidade que tanto quero

Pode ter preço de lágrima, de pranto.

E, no entanto,

Mesmo molhando meu rosto,

Sofrendo hoje o desgosto,

Vejo beijos e castelos,

Azuis, enluarados, amarelos

Vejo loucos amores

Desafiando dissabores.

Isso não tem custo, não tem preço,

Me mudo, me viro ao avesso,

Anseio encontrá-la,

Não me canso de esperá-la

Hino à amizade

© Letícia Thompson



Vou te ofertar

Na doçura da amizade

Estrelas que não se pode contar,

Mas que contarão

Nossas velhas histórias,

Elas brilharão

Como milhões de pirilampos

Em noites escuras...

Florirão

Como centenas de flores do campo

E falarão

Das nossas aventuras,

Dos caminhos

Que tivemos que passar

E dos mares que atravessamos,

Das barras que seguramos,

Do quanto viajamos em sonhos

À terras distantes

Buscando felicidade.

Dirão

Das noites sem lua

Em que você foi meu luar

Dos dias sem riso

Em que você foi meu sorriso...

E que quando eu pensei

Que não restava mais nada,

Você foi minha estrada,

Minhas mãos e minhas pernas,

Pra que eu pudesse caminhar.

E que quando fui embora

Seus olhos choraram sozinhos

Porque não quiseram me ver partir.

Tudo minhas estrelas

Vão te lembrar,

Mas que te lembrem,

Sobretudo,

É que não te esqueço,

Que você ainda é,

Por vezes,

Meus braços e minhas pernas

E um lindo luar,

Que enfeita minha vida,

Uma amizade tão querida,

Tão difícil de se esquecer,

Tão fácil de se guardar

Uma pessoa tão linda,

Tão fácil de se amar.

É urgente

© Letícia Thompson



É urgente que eu me transforme

Que eu te encontre,

Que eu te vista

Te saiba e te viva!

É urgente que eu me abandone,

Que você me tome,

Que eu me dispa

Que você me vista,

Que o sol apareça

E a lua amanheça!...

É urgente

Que esse amor

Tome cor

Que ele se faça,

Que eu me desfaça,

Me desmanche,

Me esqueça!!!

Que seu beijo me tome,

Seu calor me consuma

E que eu durma,

Pequenininha e satisfeita,

De você refeita,

No calor dos seus braços!...