Que a minha alma se disponha
a recolher de ti, a mão desastrada.
Mas faminta e tocante.
OsmarVasconcelos
Que a minha alma se disponha
a recolher de ti, a mão desastrada.
Mas faminta e tocante.
OsmarVasconcelos
POÉTICO E IRREVERENTE
Eu fui tantas e tantas vezes a ferro e fogo
a solidão na calada da noite, o carregador
amargo da impura escuridão, aquele que
incitava a devastação, o sonhador de mala
feita, sonhando à espreita sem fronteira e
sem chão...
Eu fui tantas e tantas vezes aferro e fogo
o perdedor, justificando o ar, sujando a
alma de amargura com a mão, soprando
no desalento, me desnudando ao vento
sem me importar com a fatal pulsação.
E, já que sou eu que canto e dou rumo ao
meu destino e sou dono da minha emoção,
e, se, de alguma maneira, em desatino eu
arranhei teu coração, não me queira mal,
vim te pedir perdão e dizer que te amo.
Eu só tenho um único desejo, o desejo
de ser teu com paixão.
OsmarVasconcelos
Em dulcificada leveza, o derrame
úmido do carinho intenso, do
amor definitivo, no ímpeto desejo
de tomar a vida em ardores infindos
que do sempre e no agora há...
OsmarVasconcelos
Me agrada o ousares, simplesmente.
Trans-substantiva, e de rubra suavidade
girando à roda do indefinido.
OsmarVasconcelos
Quem não entende o
que diz um olhar, jamais
entenderá o que fala um
coração
OsmarVasconcelos
Teu olhar de instante tão
distante nada diz. Era no entanto,
prazeroso, além de espantoso, tê-lo
por perto.
OsmarVasconcelos
Vem... E com qualquer arma, mata
minha saudade. de preferência, que
use-a à queima-roupa.
OsmarVasconcelos
Viveu sempre acerca de si mesmo,
tinha um olhar de alteridade, aquele,
cujos os olhos vêem as coisas longe
demais, tinha também, aqueles
pensamentos que vagueiam para fora
da borda do mundo.
OsmarVasconcelos
Atravessava as cinzas das
horas na noite vermelha,
profunda, linda, inútil, e
alheia.
Levava nos cabelos negros
uma flor, levava nos olhos o
calor da febre que ardia; e
do aroma que de sua flor se
esvaia, nascia a paixão no
sangue quente que das veias
me escorria... E com ela fiz
amor no coração.
Ninguém sabe de onde vinha,
para onde ia, nua a caminhar
sobre a lua, como uma flor
vermelha e vadia na frialdade
das ruas que lhe acolhia.
OsmarVasconcelos
FLOR DO MOCAMBO
Procuro-te na flor do
mato, mórbida flor do
mocambo, tua saudade
é tanta, que está me
matando, já que vives
entre espinhos, como
a flor do cacto.
Pela certeza de te achar,
acesa e vasta a paixão se
emprenha de (in)exatos
e (in)definidos sóis.
Indecentemente sórdida
e bela, inclina-te a olhar
como os girassóis os que
passam e não se acanha
em dizer...
Que me amas na hora
da seiva em tuas teias,
quando me beijas tórrida.
OsmarVasconcelos