
Doce Espera...
Vem a luz, pela manhã, prometendo
Um dia glorioso, ensolarado;
Eu, porém, passo as horas revivendo
As delícias que tive a teu lado...
Chega a tarde, revoando a passarada,
Com um mágico pôr-do-sol a celebrar;
Eu, porém, usufruo quase nada,
Continuo nosso encontro a relembrar...
Quando o manto da noite estrelada
Esparrama vaga-lumes pela estrada,
Cobrindo a vida, abraçando o luar,
Aí, sim! Eu me encho de alegria,
Que chegou a hora mais feliz do dia:
O momento em que vou te reencontrar...
©Oriza Martins
Madrugada...
Horas silentes...
A cidade adormecida
Descansa de outro dia,
Extenuante, mas palpitante de vida;
De amares, de amores,
Esperanças, frustrações...
Leitos aquecem corpos que se desejam,
Raios de luar nas ondas do mar despejam
Purpurinas espumantes,
Ecos-suspiros de amantes...
E de veladas canções...
Soluça o vento, ao bailar dos arvoredos,
Geme baixinho, sussurrando os segredos
Que emanam, murmurantes,
De sequiosos corações...
E no meu peito, meus mais secretos desejos,
Buscam do luar os flutuantes lampejos:
Participar também querem
Do festival de emoções...
És, madrugada, companheira solidária,
Dos meus anseios, a total depositária,
Dos devaneios, a cúmplice mais leal...
E, quando o sol esparrama no horizonte
Os fulgores de sua flamejante fonte,
Voltam os ritos do nosso mundo real...
Mas permaneço na minha credulidade
Que essa magia ainda será verdade...
E em breve adeus,
Num aceno de bonança,
A madrugada se vai,
Resguardando a esperança
Que nela eu sempre ponho!
É alvorada no tempo,
É despertar do meu sonho...
Bjus meus......
Perambulava a esmo, na longa estrada da vida, Quando encontrei duas damas - diferentes na aparência: Uma velha, outra jovem, e uma à outra tão unida, Que pareciam fundir-se ambas na mesma essência. "Vivo a olhar o passado", me disse a dama velhinha. "E eu, mirando o futuro", comentou a jovenzinha. E quando a idosa falou: "O meu nome é Lembrança," A menina acrescentou: "Eu me chamo Esperança". Indaguei-lhes o porquê daquela franca harmonia, Se eram tão contrastantes, em sua diversidade. "Nossas mãos estão unidas, no viver do dia-a-dia, do presente, do passado, futuro e eternidade..." O que é a vida de hoje se não a coexistência Das vivências que passamos, com projeções do porvir?... Se um lado do coração se entrega à reminiscência, O outro vive a esperar um futuro a lhe sorrir. Lembrar e sonhar... dois pólos... propulsões de nossa mente, A nos mostrar, na saudade, no anseio e na confiança, Que lembranças de outrora coexistem no presente, Com sonhos que acalentamos, eternizando a esperança...