
ESTOU TENTANDO APRENDER
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Na minha l caminhada pela vida, por todo tempo que ainda me sobra para viver, ainda estou tentando aprender que não posso exigir o amor ou a bem-querência de ninguém. Posso, apenas, dar boas razões para que gostem de mim e, na minha impaciência por tantos anos vividos, ter um pouco de paciência para que a vida, no tanto que me resta, encarregue-se de fazer o resto. Ainda estou tentando aprender que nem sempre certas coisas que eu as considere importantes, devam ter o mesmo significado ou importância para outras pessoas, principalmente com as mais próximas do meu convívio. Ainda estou tentando aprender que mesmo fazendo o que me parece ser certo, apenas num minuto eu possa errar, destruindo algo que muito me custou realizar. Ainda estou tentando aprender a me transformar na pessoa que quero realmente ser, mesmo sem saber quanto tempo me falta para tão ambiciosa conquista. Tenho convicção ─ e não sei se convicção é mais do que certeza, ou vice-versa ─ de que não sou melhor do que ninguém, mesmo acreditando que, em certas situações, tenha conseguido superar meus próprios limites. Ainda estou tentando aprender que não devo ser controlado pelos meus pensamentos, mas, sim, poder controlá-los. Ainda estou tentando aprender que perdoar exige muita prática. Ainda estou tentando aprender a me conhecer cada vez melhor, tendo até o direito de, às vezes, perder o controle sobre mim mesmo, ficar irritado, mas sem jamais ser cruel com quem quer que seja. Tentei aprender e creio ter aprendido a não me apegar à materialidade das coisas, tudo porque sempre sonhei com o que tenho, mesmo sabendo que nada poderei levar ou para onde levar, um dia qualquer. Nem mesmo me importam coisas outras que ainda não tenho, como aquelas que vejo nos meus sonhos, sonhos que se transformam em realidade, quase sempre. E sempre me sobrará tempo para esperar, pois não quero deixar de sonhar. Há instantes em que me lembro ter machucado uma pessoa amada, alguns amigos e até familiares que tanto amei e amo, e que responderam, muitos deles, com a mesma moeda. Mas, pelas tantas vezes que tenho repetido, o tempo é implacável, e nos reserva tantas surpresas, mas também cura nossos ferimentos, nossos tropeços naturais. Isso, faz-me acreditar que mágoas, em nenhum dos lados, ficaram. É raro, mas às vezes me entristeço por ingratidões, por falta de respeito, por falta de consideração, que fizeram meu coração sofrer, sofrer muito, mas, o meu mundo não parou por causa disso. De uma coisa tenho certeza: “aprendi que palavras de amor perdem o sentido quando usadas sem critério”. E amar é preciso. Outra coisa a vida me ensinou e eu aprendi: “que sou livre e que jamais venderia ou negociaria a minha liberdade, pois, se assim o fizesse, não seria digno de exercê-la”. Volta e meia vejo imagens de gente querida, de tantos que foram embora da minha vida, de muitas maneiras. Muitas delas eu gostaria de poder retê-las vivas, bem vivas, bem perto de mim. Mas, por impossível, com a maioria delas já marquei um reencontro na eternidade, onde voltaremos a viver numa galáxia distante, em forma de coração. Para terminar: estou tentando aprender que é preciso continuar aprendendo, num aprendizado interminável. Sem a ajuda de Deus, impossível.
Poliana Ferreira
EXPERIÊNCIA E SABEDORIA
Se me perguntassem: qual a sociedade dos seus sonhos? Gostaria de viver numa sociedade onde todos tivessem suas necessidades básicas satisfeitas, tais como: casa, trabalho, alimentação, educação, saúde, segurança; onde todos pudessem viver em harmonia consigo mesmo, com os outros, com a natureza sadia; uma sociedade na qual ninguém precisasse ter medo da própria sociedade, de assaltos, sequestros, violência, crimes hediondos; na sociedade onde reinasse a fraternidade, o respeito mútuo, amor sincero; onde a honestidade não fosse considerada como virtude; uma sociedade justa e pacífica. Creio que não é tão difícil construir uma sociedade assim, desde a unidade familiar, até as comunidades maiores. Se a sociedade com a qual sonho viver não passa realmente de um sonho, também posso acreditar que este sonho sempre foi o sonho de Deus. Sonho tão grande tem muito de divindade. Para realizá-lo basta que alimentemos o mais puro sentimento de religiosidade em nossos corações. Então, teremos esperança e a certeza de que esperança não é um sonho, mas, sim, uma força interior suficiente para traduzir em realidade todos os nossos sonhos. Se a luz do sol que ilumina o mundo inteiro ainda não clareou o nosso caminho é porque talvez estejamos andando nas trevas, vivendo na escuridão. Andar nas trevas, viver na escuridão, é viver na tristeza, como se caminhássemos sem destino, numa noite sem estrelas. Mesmo na escuridão de uma noite triste, sem estrelas, tempestuosa, contentemo-nos em agradecer explosões de raios e trovões. De repente, é possível que surjam um pouco iluminadas as trilhas estreitas de nossa caminhada. É importante nutrir o mais puro sentimento de religiosidade em nossos corações, repito. Igualmente importante é amar, fazer tudo com amor, entendendo o amor como o mais profundo sentimento de que é capaz um ser racional. Não nos seria permitido duvidar de que o amor é uma concessão de Deus. Só o amor foi capaz de criar, nas sociedades humanas, a mesma ordem que o natural instinto estabeleceu há milhões de anos no mundo das formigas e das abelhas. Nossas vidas sem amor são muito tristes. São flores que nunca floresceram. Árvores que nunca deram sombras. O ser humano é, desde a sua criação, feito à imagem e semelhança de Deus. É uma trilogia: cabeça, tronco e membros. E, em sua trajetória pela vida, é governado por trilogias: o ontem, o hoje e o amanhã, iguais, quase sempre; o passado, o presente, o futuro; a ascensão, o equilíbrio, o declínio; e assim por diante, tantas e tantas outras trilogias. Por tudo isso sustentam os filósofos: é um sábio quem vive cada dia como se fosse o último, mesmo porque não se pode fazer voltar a água que passou, nem o segundo, nem o minuto, nem as horas transcorridas. O que passou, passou, mas, por outro lado, tudo o que passa com algum brilho, resplandecerá para sempre. Todo homem é aquilo que ele costuma pensar durante o dia todo, tirando da vida exatamente o que investe nela. O homem corajoso não é o que pratica qualquer feito de bravura, mas é, sim, aquele que executa com perfeição todos os atos da sua vida, sempre com humildade, pois “o tamanho da humildade é a melhor medida da estatura de uma pessoa”. Um bom conselho que me permito conceder a todos quantos se relacionam comigo e aos meus amigos mais chegados: “caminhemos pela vida fazendo as coisas que nos fazem bem, que nos fazem sentir bem, que nos dão orgulho de nós mesmos e prazer de viver, sem jamais cultivar sentimentos menores que tanto nos diminuem”, pois o homem que sabe satisfazer seus impulsos é inteligente; o homem que domina seus impulsos, mais do que inteligente, tem sabedoria. Só dessa maneira conquista tranquilidade interior, um bem supremo que todos podem almejar. A vida é extremamente fugaz. Há até quem aceite o conceito de que a vida é uma morte continuada. Mas eu quero continuar vivendo, gosto de viver, de viver, sem medo de envelhecer, para chegar ao entendimento de que a minha velhice será, um dia, a minha juventude coroada de experiência. Quero continuar vivendo, vale repetir. E vou prosseguir vivendo com muito amor, com religiosidade em meu coração, alimentando imorredouras esperanças, “esperanças” definidas como forças a impulsionar meus sonhos transformando-os em realidade”. Viver com uma vontade férrea de continuar jovem, sem preocupações com os anos passando, numa infindável cronologia, fazendo-me uma mulher experiente. Chegarei a tornar-me um sábia? Acredito que não. Seria vã pretensão, pois, “a medida que os homens ganham em conhecimento e experiência, mais se distanciam da sabedoria”. Por último, peço a Deus que jamais me abandone.
POLIANA FERREIRA