Lc 1, 46-47

Maria, em seu canto Magnífico, nos ensina que devemos glorificar ao Senhor a todo o momento com nossas vidas, e despojar-nos a ponto de o nosso espírito se preencher totalmente da alegria em nosso Deus, nosso Salvador. Despojar-se é dar total espaço à Vontade Divina em nossas vidas: assim, estaremos nos aproximando do ideal de santidade, que é o caminho que os homens e mulheres estão destinados a percorrer

Deus nos dá várias possibilidades para alcançarmos a santidade, como através do exemplo dos santos. Dentre todos os santos, o mais perfeito e belo exemplo é o de Maria Santíssima.

Maria viveu uma vida sem pecados: sua pureza se mostra antes, durante e depois da concepção de seu filho, Jesus. Mas grandes foram as dores de Nossa Senhora: ela sabia que sofreria, pois na apresentação do Senhor, Simeão lhe disse: "E uma espada transpassará a tua alma." (Lc 2,35b). Teve dificuldades para dar seu filho à luz: "… e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria." (Lc 2,7); e fugiu com José e Jesus, para que este não corresse risco de vida: "um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito." (Mt 2, 13-14). Depois, perdeu seu filho na volta da festa da Páscoa: "E sua mãe disse-lhe: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição." (Lc 2, 48b). Ainda, viu a morte do seu filho da forma mais humilhante para a época – a morte de cruz: "Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena." (Jo 19,25).

Maria não se deixou abalar pelos seus sofrimentos; nós também sofremos neste mundo quando damos nosso “sim" a Deus e teremos nossa recompensa quando chegar a hora. Mas devemos nos concentrar e não desanimar, mesmo com tantas coisas que o mundo hoje nos oferece: seus caminhos fáceis e prazerosos que trazem felicidades momentâneas, depois nos trazem a dor e sofrimento, acompanhados da agonia, ressentimentos, depressão, desânimos, frustações, desejo de morte, ira, ódio, tormentos...

Seguir o exemplo de Santidade de Maria é lutar constantemente contra as fraquezas da carne. O inimigo ronda e busca brechas, que se abrem com os fracassos do homem e da mulher. Porém, todo aquele que invoca o Senhor em suas aflições com oração e clamores receberá sua misericórdia: "Na tribulação invoquei o Senhor; ouviu-me o Senhor e me livrou. Comigo está o Senhor, nada temo; que mal me poderia ainda fazer um homem?" (Sl 117, 5-6).

A Sagrada Escritura nos confirma que Jesus, no Calvário, nos dá sua Mãe para que seja também nossa Mãe: "Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa." (Jo 19, 26-27). Ele não nos entregou somente ela a nós, mas também nos entregou a Ela, aos seus cuidados, como verdadeiros filhos.

A nós é dada a opção de seguir o caminho da santidade ou não. Maria nos é apresentada como o grande exemplo e também como nossa intercessora nas dificuldades. Seguir seu exemplo é obedecer a Deus quando Ele nos pede: "Sede Santos como o vosso Pai do Céu é Santo". (Lv 11,14). É, também, obedecer a Maria que nos pede: "Fazei tudo o que Ele vos mandar." (Lc 2,5).