.Alimentação.

A hora de se alimentar é sagrada, diziam nossas avós. E elas estavam cobertas de razão. Não importa se é a refeição principal ou o lanche: os horários têm de ser sempre obedecidos. Nada de deixar o almoço para mais tarde. No final das contas, isso contribui para que uma refeição acabe invadindo o horário da outra. E aí seu filho pode ficar sem consumir certos alimentos que deveriam ser servidos ao longo do dia. Resultado? Uma alimentação desequilibrada.
O ideal é manter um intervalo de três horas entre uma e outra refeição. Também é bom não exagerar nas porções. Crianças pequenas têm o estômago de passarinho e obviamente não vão dar conta de um prato de estivador. Além disso, podem ficar angustiadas ou torcer o nariz diante de tanta comida. Assim, o ideal é servir pequenas quantidades. Se o pequeno não ficar satisfeito na primeira rodada, ganha direito a um bis.
Caso seu filho recuse o almoço, não se desespere. O jeito é ter paciência e oferecer a comida novamente dali a uma hora ou até ele sentir fome. Mas vale relembrar: o mais aconselhável é que uma refeição não invada o horário da outra. Nesse meio tempo, não dê biscoitos e guloseimas. Se essa tática não funcionar, lembre-se de que a criança pode perfeitamente estar sem apetite em determinado dia por razões diversas. Assim, não insista com brincadeiras nem ofereça outros alimentos em troca. Isso fará com que ela rejeite ainda mais a comida e valorize apenas a recompensa, o que, via de regra, é menos saudável.
A partir de 1 ano de idade, o pequeno deve fazer cinco refeições ao dia (desjejum, colação, almoço, lache da tarde e jantar). Em alguns casos, pode tomar leite com bolachas antes de dormir. A dieta deve ser equilibrada, variada e completa. Crianças começam a ser mais seletivas nessa fase, mas é importante evitar cardápios monótonos e com muitas restrições, o que pode levar à falta de nutrientes essenciais.LeiteA criança precisa tomar no mínimo três porções de leite ou derivados todos os dias. A partir dessa fase, o leite já pode ser servido em um copinho. Fonte de proteínas e de cálcio, ele é indispensável ao crescimento e à manutenção de dentes e ossos.Melhor escolhaApós o desmame, o bebê deve receber leite em pó modificado, conforme indicação do pediatra. Gradativamente, pode passar ao leite comum integral. “As gorduras são indispensáveis para a assimilação de algumas vitaminas”, explica o nutrólogo Fábio Ancona, professor da Universidade Federal de São Paulo.
CarnesDe vaca, frango ou peixe, elas devem estar presentes no almoço e no jantar, em porções de 50 gramas. O ideal é servi-las desfiadas ou cortadas em pequenos pedaços. “Os alimentos sólidos ajudam a desenvolver a mastigação, a deglutição, a musculatura da face e a arcada dentária”, afirma a pediatra Maria Aparecida Alfonso Moysés, professora da Universidade Estadual de Campinas. Imbatível na prevenção da anemia, cujo risco aumenta nessa fase de desenvolvimento acelerado, a carne fornece zinco, ferro e aminoácidos essenciais ao crescimento. “O aproveitamento do ferro do feijão é de apenas 10%, enquanto 90% do ferro contido na carne são absorvidos pelo organismo”, diz Fábio.Melhor escolhaA carne de vaca é a mais rica em ferro, mas evite cortes gordurosos, como filé mignon, picanha e contra-filé. Só compre carne de boa procedência e que apresente cor viva e brilhante. Dispense pedaços com aspecto de queimado ou ressecado.CereaisSão necessárias cinco porções de cereais ao dia. Ou seja, eles devem estar presentes em todas as refeições. No café da manhã e nos lanchinhos, opte por mingau de aveia com leite, biscoito ou pão. Para almoço e jantar, ofereça arroz, macarrão ou pratos à base de farinha, como uma torta. Nessas refeições, os cereais também podem ser substituídos por raízes, como mandioca, batata, batata-doce e cará, picadinhos ou ligeiramente amassados com o garfo.Melhor escolhaEntre integrais e comuns, fique com aqueles que já fazem parte dos hábitos da família. “Arroz, macarrão e pães integrais contêm mais vitaminas e fibras. Mas a necessidade de fibras nessa idade é menor do que a de um adulto”, explica a nutricionista Priscila Maximino, da Clínica Nutrociência, em São Paulo.
FeijãoO ideal é uma concha média de feijão, cozido até ficar bem macio, uma ou duas vezes por dia. Ele é fonte de proteínas, calorias e minerais, como o ferro e, combinado com o arroz, fornece também aminoácidos formadores de proteínas que servem de matéria-prima para músculos, ossos, pele e cabelos.Melhor escolhaAlterne feijão-rosado, preto e branco. Deixe-os de molho antes de cozinhar, para que eles liberem os fitatos – substâncias causadoras de gases.
FrutasSirva até quatro porções ao dia. Pode ser em forma de purê, picadinhas, em salada de frutas e até em um sorvete caseiro. No início, ofereça as frutas descascadas, mas, aos poucos, comece a servi-las com casca, para que todas as vitaminas sejam aproveitadas. Lave sempre as frutas em água corrente, inclusive antes de descascar. “Todas elas contêm vitaminas variadas e fibras, mas cada uma possui propriedades específicas. Por isso, é preciso diversificar ao máximo”, diz Priscila.Melhor escolhaO ideal são as frutas de época. Prefira as que estejam firmes e apresentam casca lisa e brilhante.S
ucos CítricosUm copo de suco como sobremesa no almoço e no jantar é uma boa medida. Use frutas ricas em vitamina C e sirva o suco logo após o preparo, pois a vitamina C degrada rapidamente em contato com a luz e o calor do ambiente. Outro cuidado importante é lavar a fruta antes de extrair o suco. Devagar no açúcar: uma colher de sobremesa é o suficiente para um dia inteiro. A vitamina C auxilia na absorção do ferro presente nas carnes e no feijão, diminuindo o risco de anemia.Melhor escolhaAs frutas campeãs em vitamina C são laranja, limão, acerola, maracujá, caju e goiaba. Entre as variedades da estação, compre aquelas que estiverem firmes ao toque e com casca lisa e brilhante.
Vegetais amarelo-alaranjadosDevem estar presentes no almoço e no jantar, em forma de purê, refogados ou como recheio de tortas. Legumes com essa coloração são ricos em vitamina A, que aumenta a resistência a infecções e é indispensável ao desenvolvimento celular e à proteção de pele e olhos.Melhor escolhaAbóbora, cenoura e pimentão são alguns exemplos. Fique de olho nas tabelas de safra para adquirir um produto de melhor qualidade.
Verduras verde-escurasMeio pires dessas verduras picadinhas no almoço e no jantar é a medida ideal. Devem ser lavadas em água corrente e deixadas de molho em solução bactericida própria (à venda em supermercados). Primeiro, tente oferecê-las cruas. Caso a criança não aceite, refogue ligeiramente e amasse com um garfo até fazer uma papinha grossa. Elas são ricas em vitaminas A e C, potássio e ácido fólico – outro aliado contra anemia.Melhor escolhaEspinafre, brócolis, couve, agrião e rúcula. Prefira as folhas de cores fortes e aparência viçosa. Descarte verduras amareladas, murchas e queimadas.Hortaliças cruasBasta meio pires no almoço e no jantar. Os cuidados de higienização são os mesmos das demais verduras. Para servir, pique miudinho ou rale. Elas são fontes importantes de vitaminas variadas e de fibras.Melhor escolhaAlface, beterraba e tomate. Selecione hortaliças sem folhas queimadas, com cascas íntegras e que não estejam excessivamente maduras.
GordurasDevem ser consumidas em pequenas quantidades – até 1 colher de sopa ao dia. Fornecem energia para o crescimento e participam da formação hormonal. Em excesso, porém, inibem o apetite e podem levar à obesidade.Melhor escolhaManteiga, margarina sem gordura trans, óleos vegetais, azeite de oliva e chocolate. Procure acrescentar as gorduras no final do cozimento para preservar suas características positivas.Há algum tipo de comida que devo evitar ou limitar?
Alimentos gordurosos ou com muito açúcar são úteis porque dão bastante energia à criança, mas devem ser oferecidos em quantidades pequenas. Entre eles estão manteiga, margarina, óleo, bolachas recheadas, sorvete. A gordura trans é ainda mais prejudicial, segundo os médicos. Evite.Se seu filho não é lá muito ativo, você pode pensar em limitar ainda mais os alimentos gordurosos, para que ele não fique acima do peso.
Doces e chocolates podem ser dados de vez em quando, em ocasiões especiais, mas prejudicam os dentes se forem consumidos com frequência entre as refeições. Também tiram o apetite da criança, que deixa de comer outros alimentos mais saudáveis.
Comida muito salgada. O excesso de sódio não faz bem, e sal é questão de costume. Se você acostumar seu filho com muito sal, ele vai gostar de comida salgada o resto da vida. Existem alguns alimentos muito carregados em sódio. Veja a seguir algumas dicas:• Salgadinhos: dê no máximo uma vez por semana.• Não acrescente sal à comida na mesa.• Use outros temperos além do sal para dar sabor à comida.• Cuidado com alimentos industrializados, como caldos prontos, sopas de saquinho, congelados e temperos. Observe a embalagem e verifique o número em porcentagem. Se o número relativo ao sódio for muito maior que todos outros, o alimento provavelmente tem sódio demais e deve ser dado em pequenas quantidades.
Peixes gordurosos, como sardinha, salmão, truta e atum fresco, são uma ótima fonte de ômega 3 e vitaminas A e D, mas não devem ser oferecidos mais que duas vezes por semana para crianças entre 1 e 3 anos de idade, por conterem toxinas que podem se acumular no corpo.Nozes e castanhas: crianças que tenham familiares que sofram de asma, dermatite ou alergias alimentares devem esperar, por precaução, até os 2 ou 3 anos para experimentar amendoim, pasta de amendoim, amêndoas, nozes, avelãs. Há certa controvérsia sobre se essa medida reduz o aparecimento da alergia, mas pelo menos a criança já é maior e pode se expressar melhor em caso de reação. Em dúvida, converse com seu pediatra.Adoçantes: embora eles tenham sido testados, é melhor evitar seu uso, quando possível, em crianças pequenas, por precaução. Evite sucos ou refrigerantes tipo diet e light.Preciso dar vitamina ao meu filho?A suplementação com vitamina A e D e com ferro deve ser decidida pelo pediatra caso a caso, levando em conta a alimentação da criança e até a região do país em que ela vive. O Ministério da Saúde recomenda a suplementação com ferro até no mínimo os 18 meses, ou seja, 1 ano e meio, para evitar a anemia.Em regiões consideradas de risco, o governo promove a administração de "megadoses" semestrais de vitamina A às crianças de até 5 anos. Converse com o pediatra ou informe-se na Unidade Básica de Saúde que você utiliza.As farinhas de trigo e de milho no Brasil já são enriquecidas por lei, e há vários outros produtos industrializados ricos em vitaminas e ferro, como as fórmulas infantis, cereais matinais, alguns leites longa-vida etc.Se seu pediatra é particular ou de convênio, converse com ele sobre a necessidade da suplementação com vitamina e ferro.
Por Judy More, com a equipe do BabyCenter Brasil.